O recém lançado livro “A Organização – A Odebrecht e o esquema de corrupção que chocou o mundo”, da jornalista Malu Gaspar, foi o tema do programa de quinta-feira, 19/11. A conversa contou com a presença da escritora e do economista e pesquisador Bruno Carazza.

A obra conta de forma minuciosa a história da Odebrecht, empreiteira que se especializou no relacionamento com poderosos para se tornar o conglomerado mais importante do Brasil. Com a operação Lava Jato, escancarou-se o que Malu define como a “promiscuidade da empresa com os contratos públicos”, levando à derrocada tanto do negócio quanto da família. “Os rumos que o Brasil tomou nos últimos anos ajudaram a definir os rumos dessa família”, analisa.

Em 20 anos de cobertura política com foco investigativo, Malu era acostumada a ver casos que nunca se resolviam. “Havia um ceticismo de que essas coisas pudessem vir à tona, e entendo que na Odebrecht eles tenham pensado assim porque sempre foi assim. E ele tenta parar a Lava Jato! Ele pressiona a Dilma Rousseff“.

No 'Conversa', Malu Gaspar fala sobre seu livro, que é resultado de mais de três anos e meio de apuração. — Foto: Reprodução/TV Globo

No ‘Conversa’, Malu Gaspar fala sobre seu livro, que é resultado de mais de três anos e meio de apuração. — Foto: Reprodução/TV Globo

Bruno Carazza, autor de “Dinheiro, eleições e poder”, concorda que a operação foi um divisor de águas, mas não tornou o Brasil menos corrupto.

“Sem dúvida a Lava Jato assustou. Vários políticos foram penalizados nas urnas, muitas das empresas que passaram entraram em crise, estão em recuperação judicial.”

Bruno Carazza conversa com Pedro Bial — Foto: Reprodução/TV Globo

Bruno Carazza conversa com Pedro Bial — Foto: Reprodução/TV Globo

O que ainda não se sabe, de acordo com Carazza, é se a operação foi um ponto fora da curva, um processo que caiu nas mãos de um grupo específico de procuradores, agentes federais e um juiz linha dura, ou se realmente mudou o panorama da política brasileira.

“Eu acredito que não mudou o panorama da política brasileira porque não tivemos mudanças institucionais. Não tivemos mudanças no sistema judicial, de prescrições de penas, de recursos… Não tivemos mudança significativa em incentivos que o estado dá para esse tipo de prática.”

Assista à íntegra do programa aqui: