Publicado em 19/11/2020

Nas eleições de 2020, dinheiro não trouxe felicidade para os partidos políticos. Pelo menos o do financiamento eleitoral. PSL e PT foram as legendas que mais receberam recursos do Fundo Eleitoral e do Fundo Partidário, verbas designadas para gastos de campanha e manutenção das estruturas partidárias. As duas siglas, porém, colheram resultados medíocres nas urnas.

Autor do livro “Dinheiro, Eleições e Poder: As engrenagens do sistema político brasileiro”, o cientista político Bruno Carazza, colunista do Valor, afirma que as distorções observadas no ranking de eficiência são produtos do critério de distribuição dos fundos: “É uma fórmula que olha para trás. Distribui recursos hoje levando em consideração os resultados das eleições de 2018, ano de uma disputa muito polarizada entre PSL e PT”.

O Fundo Eleitoral foi criado para compensar a proibição do financiamento empresarial de campanhas, pivô de sucessivas décadas de escândalos políticos. Segundo Carazza, também era outra a natureza da distribuição: “A lógica empresarial era diferente da lógica desses fundos. Empresário não distribuía dinheiro a esmo, com viés ideológico ou com base na eleição passada. Ele dava mais para quem ele achava que iria ganhar. Olhava para frente. Então o resultado das urnas tendia a ser mesmo mais coerente com o ranking do dinheiro recebido por cada partido”.

Carazza tem explicações diferentes para os maus resultados de PSL e PT, apesar dos recursos vultosos recebidos por cada um. “O PSL era um partido nanico e só teve essa montanha de dinheiro por causa do impulso dado por Bolsonaro. Mas é partido sem estrutura, sem capilaridade, sem nomes competitivos. Então não tinha nem onde gastar. Já o PT também teve muito dinheiro, mas enfrenta enorme desgaste de imagem. E, ficou claro, tem problemas de renovação.”

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