Publicado originalmente no @BrunoCarazza em 09/03/2019

 

Em 2016 e 2017, o Brasil apresentou uma forte regressão no Índice de Igualdade Política entre Gêneros, divulgado ontem pela organização multilateral International IDEA.

Desde o início dos anos 2000 estávamos numa tendência de alta, superando até mesmo a média europeia e nos aproximando da América do Norte, a região com os melhores indicadores neste quesito.

Decompondo esse índice, as maiores reduções foram observadas nas categorias “Distribuição do Poder Político” e “Participação em Organizações Sociais”, que são medidas a partir de questionário de percepção respondido por especialistas de cada país no âmbito do projeto V-DEM.

 

Diversos motivos podem ser apontados para justificar um retrocesso tão grande no desempenho brasileiro: o impeachment da primeira presidente do sexo feminino, o assassinato de Marielle Franco, o aumento nas ocorrências e visibilidade de feminicídios e a baixa participação feminina no ministério de Temer (que estranhamente não foi captada no item específico da pesquisa).

Por ser uma variável qualitativa, não podemos descartar, ainda, um viés dos respondentes, que podem ter “pesado a mão” ao avaliar a situação brasileira, dado o clima político muito polarizado do país no período.

Contudo, mesmo que haja uma superestimação no resultado negativo, é evidente que há um longo caminho a ser percorrido para estimular um maior equilíbrio entre gêneros na política brasileira.