Em dois anos de governo, uma das bandeiras centrais do ministro da Economia teve poucos resultados

Marcelo Roubicek

Para entender o não-avanço da agenda de privatizações, o Nexo conversou com Bruno Carazza, colunista do Valor Econômico e professor do Ibmec e da Fundação Dom Cabral.

Por que a agenda de privatização não avança sob Guedes?
BRUNO CARAZZA Discutir privatização é algo bastante complexo no Brasil. Primeiro porque as empresas estatais foram centrais no processo de desenvolvimento brasileiro, principalmente a partir dos anos 1950. Também ganharam destaque nos anos 1970, no governo dos militares. Elas tiveram protagonismo muito grande tanto em setores de infraestrutura como setores estratégicos: telecomunicações, petróleo e combustíveis, mineração e outros.

As estatais foram centrais no processo de desenvolvimento brasileiro, e desarticular esse modelo de desenvolvimento é algo bastante complicado do ponto de vista político. Até porque em muitas dessas estatais sabemos que existem interesses corporativos – e inclusive patrimonialistas – da classe política brasileira.

Então para conduzir um processo de privatização bem sucedido, você precisa de uma estratégia muito bem feita de articulação política e modelagem econômica. Apesar deste governo ter sido eleito com o discurso de que iria conduzir de forma agressiva essa agenda, o que observamos com dois anos de governo é que a equipe econômica e o próprio governo de Bolsonaro não conseguiram unir esses dois lados, de articulação política e de conseguir destravar todos os trâmites jurídicos e legais que envolvem um processo de privatização.

Link para matéria: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2020/12/20/Por-que-a-agenda-de-privatiza%C3%A7%C3%A3o-n%C3%A3o-avan%C3%A7a-sob-Guedes